domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos namorados com... namorado!

Primeiramente, feliz Dia dos Namorados à todos os namorados desse mundo. Não importa se você é casado ou simplesmente enrolado, saber namorar é uma arte - complicada, eu sei, mas muito gratificante -.
Enfim, passei a semana postando textos, poesias, músicas e filmes que eu considerava dignos dessa semana dos namorados e hoje, o grande dia, postarei o texto que, para mim, melhor define ser um namorado (a). Aproveitem a leitura, o dia, a semana, o namoro, a vida..! 



Namorado 
Artur da Távola

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção.
A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.  Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar. 
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio. Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, 
de repente, parecer que faz sentido.


Lindo, né? Para ser sincera, concordo com tudo!
Para terminar, aqui está um texto que fiz para o meu namorado, há um tempinho atrás, pra lembrá-lo do quanto o amo e do quanto adoro namorá-lo.

Caio e eu, no dia em que começamos a namorar..! (O "coração" é de uma amiga minha.)

"É mesmo possível que depois de quase dois anos ainda haja características a serem descobertas? Gostos, manias, hábitos desconhecidos pelo outro e que transformam o relacionamento em novidade constantemente? Eu admito não saber. O que sei, e você também, é isso: Está dando certo. Só pode estar. Que outra razão teria  essa saudade imediata à despedida, minha cara de boba ao vê-lo sorrindo, meu orgulho pelas suas conquistas, minha vontade de te fazer feliz, se não o fato de que nós dois realmente somos bons juntos?
Na verdade, sou boba, pois isso já estava claro há algum tempo. Talvez você já até tenha percebido, afinal, sou eu quem fica falando de morar em uma casa grande, em São Paulo (pra você, nenhuma outra cidade serve), me imaginando reclamando de como você (ainda) é bagunceiro. Ter quatro filhos, dois legítimos e dois adotivos. Sei que te enlouqueço quando digo que o primogênito será japonês, mas prometo pelo menos te deixar chamá-lo de Pedro. Marina, Clarice e Matheus são nomes lindos também, e eu sei que você concorda. Só finge que não pra poder me irritar, e achar que pode sempre decidir tudo sozinho. Apesar de inicialmente não gostar muito da idéia, não vejo a hora de te ver realizando seu sonho, tornando-se um renomado político brasileiro. Ainda não sei se posso aguentar seu jeito mandão, ou sua exigência musical e cinematográfica, mas pretendo descobrir.
O engraçado é: todas essas minhas reclamações são sobre características suas que, no fundo, eu preciso. Preciso da sua improvisação, já que sou extremamente metódica. Sua paciência, já que sou irritadiça a maior parte do tempo. Sua mania de querer ter sempre o controle da situação, pois não há nada melhor que poder confiar à você o poder de decidir por nós dois. É isso: confio em você o suficiente para abrir mão de alguns conceitos a fim de nos fazer dar certo. E o melhor de tudo é ter a certeza da reciprocidade." 

Isabela Martinez 


É isso. Boa semana!
Beijos,
Isa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário