Poema da época da Segunda Guerra Mundial, tema do meu trabalho de final de semestre na disciplina "Introdução aos Estudos Literários I" com o professor Samuel de Vasconcelos Titan Jr.
Anoitecer
(Carlos Drummond de Andrade)
É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo
É a hora em que o pássaro volta,
mas de há muito não há pássaros;
só multidões compactas
escorrendo exaustas
como espesso óleo
que impregna o lajedo;
desta hora tenho medo.
É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz - morte - mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.
Hora de delicadeza,
gasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.
Bom resto de semana para todos!
Beijos,
Isa.
É uma hora muito peculiar, o crepúsculo. Tudo acontece tão rápido, realmente engana os olhos e a alma. No inverno é especialmente triste ver o sol indo embora. É mais uma longa noite que vem, é o pouco de calor que se vai, é a tristeza que vem.
ResponderExcluirAté que amanhece mais um dia e existe alívio, até o próximo crepúsculo...
Beijos Isa!