"E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços."
Caio Fernando Abreu.
Pai e filha, após uma daquelas brigas típicas entre adulto e pré-adolescente, se encontram sentados na varanda da casa de praia, em silêncio. Uma borboleta voa pertíssimo deles, parecendo brincar com a impaciência de ambos. O pai, sem esperança de reconciliação, levanta, ameaçando deixar sozinha a filha, que agora não consegue parar de olhar para a borboleta. Era de um amarelo forte, alegre. E aquela alegria só permaneceria ali por mais 24 horas, ou menos. A menina sentiu um aperto no peito. Levantou-se e abraçou aquele de barba branca à sua frente, antes mesmo que ele pudesse reagir. "Eu te amo, pai."
***
Eram 02:30 da manhã. Acordou um tanto quanto assustada, olhou para os lados, e se perguntou de onde tinha vindo o barulho que a fez despertar. Nada. Será que havia sonhado? Não importava mais, já sentia medo. Tentou, em vão, pegar no sono novamente, até decidir que iria para o lugar mais seguro da casa: O quarto da mãe, solteira há anos. Com seu travesseiro debaixo do braço, abriu a porta devagar, temendo acorda-la, e deitou-se na cama, grande o suficiente para as duas mulheres da casa, mas que a mãe se recusava a deixa-la dormir todos os dias. "Você já é uma mocinha" diziam a ela. "As vezes, eu daria tudo para não ser uma mocinha." pensou, segundos antes de pegar no sono.
***
Os dois sempre dividiram o quarto. Cada cama colada em um lado diferente da parede. Cada parede com fotos de pessoas diferentes. Cada foto guardando lembranças diferentes. Cômodas e armários com roupas e sapatos diferentes. Um mesmo quarto guardando vidas tão diferentes. Eram diferentes, mas eram irmãos. E por serem irmãos, todas as noites antes de dormir, sentavam cada um em sua respectiva cama e contavam sobre seus respectivos dias. Discutiam questões sociais e choravam mágoas. Depois de dividirem tanto de suas vidas com o outro, desejavam boa noite, dormiam... E sem perceber provavam que o amor supera qualquer diferença!
"..Mãe, primo, pai, avô, padrinho
ResponderExcluirZelador, juiz, vizinho
Tio, cunhado, irmão, avó
Família é um assunto complicado
Quem não gosto mora ao lado e o mais velho mora só
Pois traga um colchão aqui pra sala
Por que é que não se junta tudo numa coisa só?.."
Tenho uma família capixaba muito grande ... Família. A minha, como suponho que a de todos sejam, é muito engraçada, me rende muitas confusões, me fazem passar vergonha, raiva e os melhores momentos da minha vida. hauhauahu
ResponderExcluirEu os amo mais que tudo ♥
Interessante, três abordagens tão diferentes sobre família XD.
ResponderExcluirNão chego nem perto de me enquadrar em nenhuma delas, mas confesso que gostaria...
O livro se chama "Aprendendo a Viver" de Clarice Lispector. beijos :*
ResponderExcluirRelações em família são meio comoplexas às vezes (só às vezes?...), mas gostei dos textos. No fim, algo mais forte sempre nos une com essas pessoas que são "da família", e no fundo, apesar das brigas, a gente sempre se ama.
ResponderExcluirBom carnaval!
Bjs!
Você escreve muito bem! O da borboleta é o mais lindo!
ResponderExcluirAdorei, Xará. Delicadíssimos os três textos.
ResponderExcluirBeijão e ótimo finde procê,
Bela - A Divorciada
PS: Quer outra dica de filme? "Educação" é maravilhoso. A protagonista tem 16 anos, vc vai gostar.
esse filme "Educação' está na minha bolsa e toda vez que vou 'praí' ele vai comigo...e ainda não assistimos! nas minhas férias levo de novo!
ResponderExcluirum beijo