"Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada dois em um: duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
(...) Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém."
John Lennon
Tem coisa mais clichê que "amor" pra fazer um post? Eu sei que não, mas não me importo.
Repetimos tanto aquela frase de que o amor é só pra sentir, por que defini-lo é muito complicado, mas sabemos que não conseguimos ficar sem tentar. Para mim, até sentir amor é complicado. Não é fácil chegar num ponto em que você tem absoluta certeza, "agora eu estou amando fulano", até por que amar é tão diferente pra cada um, e mais, cada um cria seu próprio relógio, para o amor.
Conheço pessoas que nunca dizem que amam, a não ser para a família. Conheço também aqueles que amam depois de uma conversa, ou acham que amam, sei lá, quem sou eu pra julgar? A questão é, se existe tantas formas de amar, reconhecer o amor e de demonstra-lo, porque insistimos em julgar o modo como as outras pessoas amam? "Olha, aquela pessoa acha que ama a outra, mas está se enganando, por que amar não é isso." Quem foi que disse? Que sei eu sobre a maneira certa de amar alguém? Eu, como todo mundo, não sei absolutamente nada e o melhor de tudo, gosto dessa minha ignorância, acredito que se eu soubesse tudo sobre o amor, amar não teria graça. A desorientação sobre o amor é o que faz amar ser tão difícil, intenso e maravilhoso. Mas, apesar de ter escrito um parágrafo inteiro falando do amor para com outras pessoas, não é desse tipo de amor que eu quero falar.
Recentemente, é o amor próprio que tem instigado meus pensamentos mais profundos e também minha revolta. Aliás, não o amor próprio, mas a falta dele. Como existem pessoas sem amor próprio no mundo, não é gente? Pessoas amando mais aos outros do que a si mesmos. Falta tanto amor próprio para as pessoas (principalmente mulheres) que eu chego a ficar inconformada, falta vontade de acreditar que merecemos o melhor, que se alguém não gosta de nós, a pessoa tá perdendo e muito. Vejo amigas minhas, e até amigos, chorando por um amor perdido. "Eu vivi por ele (a), e ele(a) não correspondeu. Eu esperava tanto dele(a) e ele(a) me deu tão pouco." É aí que está a coisa, você viveu por ele(a), ninguém quer outra pessoa vivendo só para si, e o mais importante, ninguém no mundo tem a obrigação de atender às nossas expectativas.
Antes de esperar que alguém nos ame, é muito importante nos amar em primeiro lugar. Muitos já me disseram que é egoísmo, mas eu não concordo. Egoísmo é pensar exclusivamente em você, e amor próprio é pensar em você, primeiramente. Posso amar muito alguém, mas o meu bem-estar estará sempre a frente do bem-estar da pessoa amada. Primeiro eu vou ser feliz, e depois fazer outra pessoa feliz. Tem coisa mais óbvia? Não, não tem, mas eu sei também que é fácil falar e que quando se tem um amor não correspondido, essas coisas não fazem muito sentido. Então pelo menos, vamos tentar aproveitar os momentos que estamos com a cabeça vazia, quando não estivermos ocupados morrendo de amores por alguém, e usar esse tempo para pensar um pouco mais nesse outro amor, que é o único que traz mais alegrias, que decepções. Por que? Por que ele só depende de nós pra dar certo.